5 de abril de 2009

GRITOS DAS TREVAS (Parte 3)






GRITOS DAS TREVAS (3)

(02/06/2003)

Continuamos então nosso roteiro de esclarecimento contra o poder das trevas. O segundo exorcismo, que apresentamos aqui, é certamente para mim um dos mais terríveis e pavorosos. Não só pelo teor das revelações, mas também por se tratar de uma alma que foi condenada, ou seja, alguém que viveu na terra, mais especificamente Judas Iscariotes, o traidor de Jesus. Antes, eu sequer imaginava que também as almas caídas assumissem tal condição, mas vejo agora o quanto isso é importante, porque se trata de alguém que viveu na carne as nossas realidades. Pior, alguém que conviveu com o próprio Jesus, que não era apenas sacerdote, mas sim bispo.



Realmente, é preciso ter uma certa fortaleza interior para conseguir ler estes textos, sem emocionar-se profundamente e sem chorar. Também sem sentir medo, pavor! Mas é preciso que se tenha forças, para isso, para rezarmos mais, e lutarmos, com todas as nossas forças pela nossa Igreja, e para que nenhuma alma caia nos abismos infernais. Sei que salvar a todos é impossível, mas bastaria uma só, que já valeria a pena. Bastaria que apenas um só padre ou bispo, lesse estes textos, que se desse conta do quanto o demônio é mau. Ai a gente teria mais um a alertar contra o poder das trevas.

Antes de começar, seria até bom o leitor fazer uma oração ao Espírito Santo, e rezar o pequeno Exorcismo de São Miguel. Isso será de muita valia!

EXORCISMO DE 14 DE AGOSTO DE 1975

Contra: Judas Iscariotes (O Traidor: alma condenada)

J – Se eu a tivesse então escutado!(1) (aponta para cima). Ela estava perto de mim (geme com uma voz horrível). Ela, lá de cima (aponta para cima), mas eu repeli-A.
E – Continua, Judas, diz o que tens a dizer em nome da Santíssima Virgem! Diz a verdade e só a verdade!
J – Eu sou o mais desesperado de todos (geme).

(1) Judas inicia com um triste e pavoroso lamento, pelo fato de haver rejeitado os avisos e os conselhos de Nossa Senhora, que lhe tinha um carinho especial. Mas vejam a maldade dele: Justo porque Nossa senhora o tratava de forma especial, melhor que aos outros, ai mesmo é que ele a odiava. E a Jesus, ele de fato odiava, por achar que Jesus tinha todos os dons, e as qualidades de líder, capaz de ser aquele rei guerreiro que ele imaginava e sonhava. Ele chegou a sugerir que Jesus tomasse a frente de um levante contra Roma, como era seu pensamento. Na verdade, ao que parece, o grande sonho de Judas era ser o tesoureiro do reino. Era ele quem carregava a bolsa das ofertas e pagava as despesas.

DESCIDA DE JESUS AOS INFERNOS

E – Judas, agora tens de ir-te!
J – Não! (geme). É preciso que recitem todos os Mistérios Dolorosos e o Credo. (quando rezávamos) E desceu aos infernos, Judas exclamou: Ele desceu... lá abaixo, Ele foi!
E – Cristo foi ao Limbo? Diz a verdade, em nome (...).
J – Ele desceu até ao inferno e não apenas até ao Limbo, onde as almas esperavam.
E – Por que é que Ele foi ao inferno? Diz a verdade, em nome (...).
J – Para mostrar que também morreu por nós.* isso foi terrível para nós. Ele foi ao reino da morte, mas foi também ao inferno... realmente ao inferno. Foi preciso que Miguel e os Anjos nos encandeassem para impedir que nos precipitássemos sobre Ele (aponta para o alto e resmunga).
Eu não gosto de falar nisto, nem sequer de o ouvir, fui culpado da traição a Cristo. É necessário que canteis: « Vejo-te Jesus, silencioso...» e: «Como me arrependo dos meus pecados.» estas duas estrofes e em seguida uma estrofe do cântico Stabat Mater: « A Mãe de Cristo, de pé, junto a Cruz.» (1)
(As pessoas presentes entoam os cânticos).
J – (Durante os cânticos, solta gritos horríveis de desespero): Se me tivesse arrependido! Se me tivesse arrependido!

* Jesus morreu por todos os homens. É Judas, uma alma condenada, que está a falar e não um demônio, como no caso anterior de Akabor.

(1) É preciso entender que é com extremo e furioso ódio que os demônios se obrigam a revelar estas coisas e também a mandar rezar – por ordem do céu - ou cantar algum canto de Maria. Creio que eles prefeririam estar naquele momento no seu lugar fundo do inferno a serem obrigados a fazer estas revelações. Isso nos mostra, também, o quanto o Céu é poderoso, e o quanto os demônios rastejam!

LUTA CONTRA JUDAS.

E – Judas Iscariotes, nós, Sacerdotes, ordenamos-te, em nome da Santíssima Trindade, que voltes para o inferno!
J – Não..., não quero ir (geme). Estou muito bem nesta mulher. Em grande parte, ela é obrigada a participar do meu desespero. (...). Mas eu não quero.
E – Sai Judas Iscariotes, em nome da Mãe de Deus!
J – Ela (aponta para cima), ainda agora teria piedade de mim, se pudesse. Ela amou-me, ela amou-me! Sabeis o que isso significa? (geme angustiado). Eu sei que Ela me amou (murmura penosamente).
E – Tu não quiseste, tu não lhe obedeceste. Ela queria salvar-te para a eternidade, para o Céu. Ela desejou o melhor para ti. Agora vai-te, em nome de Nossa Senhora de Fátima!
J – Não! (Grita cheio de desespero).
E – Judas Iscariotes, grita o teu nome e vai-te. Vai-te agora, para o inferno, em nome do Salvador Crucificado, que tu traíste, em nome dos seus sofrimentos, em nome da sua Agonia no Jardim das Oliveiras.
J – É preciso recitar três vezes: « Santo, Santo, Santo...».
(As pessoas presentes recitam-no e cantam: Abençoa à Maria!) Enquanto isso, Judas grita com uma voz terrível: «Não!Não!»
E – Nós te ordenamos em nome da Santíssima Trindade (...)!
(Judas, pelas mãos da possessa, arranca a estola do Padre).
J – Não! (com uma voz terrível).
E – Em nome da Santa Padroeira desta mulher, vai-te agora, Judas Iscariotes!
J – Tendes que pôr todas as relíquias «na mesa». Ninguém me obriga a ir-me tão facilmente! Eu sou o ... (solta um gemido terrível) Eu não quero ir-me embora, não quero! Deixai-me; deixai-me (horríveis uivos).
Se eu a tivesse escutado! Isso não serve de nada (grunhe com uma voz cavernosa).

A REALIDADE DO INFERNO

J – Se eu não tivesse perdido a esperança! O inferno é horrível! Se eu não tivesse perdido a esperança! ( solta gritos de desespero, que metem medo). Deixai-me ficar mais uns momentos nesta mulher!
Não quero. Não. Não... (berra com uma voz cheia de ódio)..., mas eles chegarão em breve (refere-se aos espíritos infernais). (os seus gritos prolongados comovem): Não, não!... (geme com voz terrível e emite sons de desespero).
Mas eu não quero, não quero! (berra horrivelmente).
(Com voz arrastada e lastimosa): Não! (O seu grito é horrível e desesperado). Não, não! Eles também não me querem no inferno. (De repente, Judas grita com desespero): Lúcifer socorro! (os Sacerdotes recitam um novo exorcismo e duas ladainhas).
J - Ó espíritos infernais ajudai-me! Ajudai-me para que eu não seja obrigado a ir-me embora! Despacha-te, Akabor! Ajuda-me ... Oh, oh, despachai-vos! (geme queixoso). Lúcifer, tu é que me mandaste, tens portanto que me ajudar! (grita desesperado):
Eles vêm... vão chegar em breve... Sabeis como os temo, sabeis? (refere-se a lúcifer e aos seus ajudantes).
(Nesta altura os Sacerdotes recitam três vezes: «Santo, Santo, Santo...» e o Glória ao Pai. Neste momento, Judas, pela boca da possessa, fala com voz de homem).
J – Não! Oh, oh (geme)... Se nós a pudéssemos matar já! Como gostaríamos de o fazer. Já há muito que decidimos que ela devia ser morta (refere-se à possessa).
Eu... eles aí vêm! Eu... Judas... Iscariotes!... Eu... Judas Iscariotes, tenho que ir, tenho que ir! Tenho que ir... tenho, tenho, tenho!... Eles aí vêm... Eles aí estão! (uiva e grita com uma voz medonha). Estão aqui os espíritos malignos! (chora)... Lúcifer, lúcifer! Vai-te embora lúcifer!... Tenho medo de ti, vai-te embora! (grita com uma voz horrível).
J – Ele vem... ele vem...! Eles aí vem... Eles aí estão... (grita e geme horrivelmente). Tenho que ir! Eles recebem-me!
E – Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, grita o teu nome e parte!
J – Já o gritei. Eu, Judas Iscariotes, tenho... de ir-me embora. «Judas Iscariotes!» (ouvem-se quinze gritos prolongados, horríveis, capazes de fender a alma)... Não, não, não... Não quero ir embora!

O INFERNO É MAIS HORRÍVEL DO QUE SE PENSA

J – Oh, este desespero! Este desespero horrível! É horrível! Não podeis imaginar como o inferno é cruel. Não fazeis a mínima idéia de como é medonho lá embaixo! Não sabeis como é! (grita e suspira)
Tenho um lugar horrível! Um canto horrível, lá embaixo. Oh ... oh! Dizei a todos que tenho um canto horrível!...
Vivei honestamente! Vivei honestamente!... É pavoroso!... Por amor ao Céu fazei tudo para alcançar o Céu, mesmo que para isso seja preciso ser torturado por instrumentos de suplício durante mil anos (grita).
Escutai, devo dizer ainda isto: se tivésseis que passar mil anos de suplício, agüentai, agüentai! O inferno é terrível, é terrível! Ninguém sabe como o inferno é horrível. É muito mais atroz do que pensais... é medonho!... é pavoroso! (Judas pronuncia todas estas palavras com uma voz que faz tremer, entrecortada, de um desespero indescritível).
Tenho ainda que acrescentar uma coisa, mas prefiriria não o fazer: há tantas pessoas... que já não crêem no inferno... mas... mas... (ameaçador)... ele existe! O inferno existe. É horrível!
Oh... ele existe... o inferno! É medonho! Tenho que me ir em breve, mas tenho que dizer ainda isto (grita e gane como um animal).
O inferno é muito mais medonho do que se pensa... O inferno é muito mais horrível do que se pensa...! O inferno é muito mais horrível do que se pensa...! (os seus gritos são de ensurdecer).
(Grita e geme): Oh!... se eu pudesse ainda voltar atrás... se eu pudesse ainda voltar atrás!... Oh... Oh! (chora dum modo inexprimível).
Oh! Eu não quero ir lá para baixo. Tende piedade...
Deixai-me continuar nesta mulher! (geme): estava bem melhor nela. É que assim ela teria que carregar com grande parte do meu desespero.
Deixai-me ainda ficar nesta mulher... É horrível para mim. Para mim é horrível estar no inferno (geme com voz ofegante).
Oh! Deixai-me ficar ainda nesta mulher! Ela ainda pode agüentar-me (com um imenso desespero). Ela pode muito bem agüentar-me.
Que pensais!... Lá em baixo é muito mais horrível!... Oh! Oh!! (geme). Dizei isto... dizei isto a todos os jovens, a todos os heréticos, absolutamente a todos: o inferno existe.
(a voz é penetrante, capaz de causar calafrios).
Oh! (grita), é «lixadamente» horrível! Se eu tivesse escutado a Santíssima Virgem e não tivesse passado a corda à volta do pescoço! Se tivesse mantido a esperança. Se não a tivesse perdido (fala com uma voz desesperada...) Mas todos dizem isso, todos os condenados dizem o mesmo quando chegam lá abaixo. Mas, então, já é demasiado tarde. Só acreditam quando já é demasiado tarde.
E – Vai-te, em nome da Santíssima Trindade, em nome de todos os Santos Anjos e Arcanjos e do Arcanjo S. Miguel!
J – E Miguel é terrível para nós. Miguel é terrível! (grita com uma voz odiosa).
E – Vai-te, em nome do Santo Cura d’Ars, em nome de todos os Santos exorcistas e em nome da Igreja Católica!
J – (grita): JU-DAS IS-CA-RI-O-TES! Tenho que partir! (solta rugido terrível).
E – Agora, vai-te Judas Iscariotes, em nome da Santíssima Trindade, volta para o inferno para sempre, volta para a condenação eterna!
J – Eles aí vêm, aí vêm (geme e chora cheio de desespero). Eles aí estão... Adeus, adeus, felizes homens... Felizes! Vou-me embora... porque a isso me obrigam. (chora e lança rugidos de fender a alma).
(ruge desesperado como um leão): Vou! JU-DAS IS-CA-RI-O-TES! (lança gritos penetrantes, ofegantes, desesperados, de repente, aponta para cima com o dedo, e diz): Ela ainda me concede um curto espaço de tempo. A sua missão (da possessa) ainda não está acabada.





A existência do inferno é um dogma da Igreja definido no IV Concílio de Latrão (1215) e explicado em muitos documentos do Magistério.


E assim, temos a segunda sessão de exorcismo, onde se tentou expulsar definitivamente a Judas Iscariotes daquela alma. Entretanto, será preciso ainda uma nova sessão para se consumar a expulsão definitiva. Neste texto acima, deixamos ainda algumas invocações e comandos dos exorcistas, o que dificulta um pouco a leitura, entretanto, nos próximos, ficará bem melhor de acompanhar.

Como o leitor percebeu, não existe linguagem humana para expressar o que significa o inferno. Seria preciso aliar a dor física, ao esmagamento total e simultâneo da alma, e transformar isso em palavras. O uivo infinito da eternidade, a troar feroz nos ouvidos dos condenados – nunca mais – anunciando que aquele tormento nunca terá fim, deve ser a causa de uma dor indizível. De um sofrimento atroz. Um tormento infinito! Saber que se afastou de Deus livremente, bestamente e por orgulho, que nunca mais se poderá ver a santa face de Deus, é a dor suprema dos condenados. A isso se chamam, trevas eternas. Fugir de Deus, que é Luz, para sempre.

Sim, você sente pena de uma criatura como Judas. Como não ter? Mas vejam: Ele rejeitou todas as chances de conversão, centenas, milhares delas. Ele foi alertado por Jesus, inúmeras vezes – nem tudo está no Evangelho – também os apóstolos tentaram fazer-lhe ver seus erros. Nada disso adiantou, pois ele se obstinou e se fechou de tal forma, que sua alma já vivia em trevas. Mas foi, sobretudo, Nossa Senhora, quem mais lutou por ele.

Falei em sentir pena dos demônios. Saibam que eles não têm nenhuma pena de nós, muito pelo contrário. Eles lutam desesperados, dia e noite, para nos fazer perder a todos. E, verdade, eles têm um grande ódio das pessoas que ficam com dó deles. Na verdade, os malditos – os anjos caídos, é claro – nos acham tão desprezíveis, tão miseráveis, que o fato de criaturas assim sentirem pena deles é como uma ofensa. Na verdade, estas criaturas não devem ser tratadas, com pena, mas com respeitosa distância. Nosso objetivo maior deve ser sempre estar nos braços de Nossa Senhora, no colo de Deus, porque ali estamos em refúgio seguro. Afinal, de nada adiantará ter pena dos caídos, isso não os salvará, porque eles não querem a salvação. Mas, também, ódio, não é coisa dos filhos de Deus.

Na verdade, pelo dom da clarividência, Nossa Senhora sabia que Judas escolheria o inferno, embora tudo o que Ela e Jesus fizeram por ele. Embora o amasse até mais que aos outros. E justo por isso Ela o alertava para os riscos que corria. Vejam, então, o que pode acontecer com uma pessoa teimosa, e tão malignamente obstinada no erro. Já falamos sobre isso. Nós devemos combater tenazmente em nós a teimosia, este maldito desejo de ter sempre a última palavra, de se achar sempre certo e dono da verdade, de ser único, e maior, e mais perfeito, e mais forte, e mais poderoso, e mais santo, mesmo sendo – todos somos – verdadeiros sacos de esterco. Felizmente, mesmo assim Deus nos ama!

De fato, é impressionante que mesmo assim Deus nos ame e nos queira perto de Si. E sabendo disso, também nos impressiona saber que os demônios e as almas caídas, sabendo deste poder de Deus, sabendo o que significa ser amado por Deus, mesmo assim o rejeitem. Talvez o leitor não saiba, mas vou lhes dizer uma coisa que me chocou. Acreditem, mesmo que Judas diga assim: Há se eu pudesse voltar atrás! Ou: Há se Jesus também tivesse morrido por nós! Mesmo assim, se Deus lhes desse a chance de pedirem perdão, ainda por uma última vez, NENHUM dos milhões de espíritos caídos aceitaria pedir perdão. E não se converteriam, nem que Deus pedisse perdão a eles, tamanho é o seu orgulho. Entendem? Eles continuariam sendo apenas demônios pela eternidade!

O inferno é dos teimosos! Judas foi um teimoso do maior quilate. Ele realizou milagres em nome de Jesus, ele curou em nome de Jesus, ele sabia que Jesus não era um rei guerreiro, mas um manso e imaculado Cordeiro, que veio apenas para tirar os pecados do mundo e no livrar da condenação eterna. Justo o que ele escolheu! E por isso se perdeu para sempre.
Judas, nunca mais sairá daquele lugar escuro e odioso.
Sim, porque lá é o lugar dos que odeiam!
Todos os que dizem que o inferno não existe, seguem no mesmo caminho, infelizmente!

Aarão!



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Entrevista com Satã - Parte 3




TERCEIRO ENCONTRO

Desta vez não se fez esperar muito. Na noite seguinte, estava para meter-me na cama, quando ouvi rumores estranhos no quarto. Eram passos fortes, quase surdos que faziam vibrar o pavimento. Advertida sua presença, agarrei o rosário, fiz o sinal da cruz, invocando mentalmente a Virgem que estava junto a mim, ao lado da cama, e esperei.

"Sinto que você está aqui. Bem, em nome dEla, que te obriga a vir e a responder-me, diga-me: imediatamente depois de seu grande pecado, você se deu conta de tudo o que havia perdido para sempre?”

“Que pergunta tão estúpida!”

"Obrigado, você é muito gentil. Sei muito bem que minha inteligência não se pode comparar com a sua. Por isso permita-me uma pergunta ainda mais idiota: Jamais se arrependeu daquele pecado?”

"Arrependimento?”, a resposta surgiu de imediato, como um rugido de besta.

"Mas não sabe que um ato de arrependimento teria sido um ato de amor? E isto é totalmente inconcebível em nós. Nós fomos imediatamente investidos de um ódio imenso contra Ele. Um ódio implacável, eterno. Encontramo-nos envoltos, quase petrificados, numa maldição que chegou a ser nossa segunda natureza.“

Tranqüilamente tivesse querido concentrar a reflexão sobre a desgraça irreparável de milhares de criaturas tão excelsas, mas o outro me interrompeu.

“Depois de haver-nos expulsado de seu paraíso, vingou-se destinando a nosso estado aos seres mais nauseabundos, vocês os homens, um amassado de espírito e de matéria suja. Fez de vocês um objeto de seu amor infinito. Vai mendigando de vocês o amor que nós lhe havíamos recusado. O amor por vocês lhe fez cometer loucuras, até humilhar ao Filho no ventre de uma mulher. Tem a ambição de ocupar com vocês os postos que nós deixamos vazios. Mas antes que alcance isto, encheremos nosso inferno com vocês os homens. A vingança que não podemos realizar sobre Ele, a faremos com vocês. “

"Isso é o que você sonha. Mas entre nós e você, sobre o vértice de seu abismo infernal está Cristo Crucificado, você terá só aqueles que obstinadamente queiram permanecer ao seu lado. Todos os demais, também os pecadores, também os pobres infiéis, lhe serão arrancados como presa que não lhe pertence, porque não são suas. Ele as pagou com o preço de Seu Sangue e são seus. Nego-me a crer que finalmente você tenha mais que Ele!”

* * *

Houve uma pausa mais longa. Tive a sensação de que quisera agredir-me com um discurso, e de fato, pasSou imediatamente ao ataque.

"Diz que Ele terá mais que eu?... Mas é que não vê, cego e estúpido como é, que hoje estou mobilizando tudo para sua ruína? Não vê que seu reino se desmorona e que o meu se engrandece dia a dia sobre as ruínas do seu? Prova a fazer um balanço entre seus seguidores e os meus, entre aqueles que crêem em suas verdades e os que seguem minhas doutrinas, entre os que observam sua lei e os que abraçam a minha. Pensa somente no progresso que estou fazendo por meio do materialismo ateu e militante, que é a recusa total a Ele!”

Ainda um pouco mais de tempo e todo o mundo cairá em adoração diante de mim. O mundo será completamente meu.

"Pensa nas devastações que estou levando ao meio de vocês, servindo-me principalmente de seus ministros. Desencadeei em seu rebanho um espírito de confusão e de rebelião que jamais até hoje havia alcançado obter. Tens a seu guardião de ovelhas, vestido de branco, que todos os dias fala, grita, conversa inutilmente. Quem o escuta? Posso fazê-lo calar imediatamente apenas queira, num momento posso eliminá-lo; basta que arme a mão de um emissário meu”.

Todo mundo escuta minhas mensagens, as aplaude e as segue. Tudo está de minha parte. Tenho as cátedras com as quais pus em cheque a sua filosofia. Tenho comigo a política que os desagrega. Tenho o ódio de classes que os fere. Tenho os interesses terrenos, o ideal de um paraíso na terra que os enfrenta uns com outros. Meti-lhes no corpo uma sede de dinheiro e de prazeres que os faz enlouquecer e que os está reduzindo a ser um tropel de assassinos.

"Desencadeei no seu meio, uma sexualidade que está fazendo de vocês um grupo exterminado de porcos. Tenho a droga que logo os converterá numa massa de miseráveis larvas de loucos e moribundos. Levei-os a adotar o divórcio para reduzir a fragmentos suas famílias. Levei-os a praticar o aborto com o que causo matanças de homens, antes que nasçam”.

"Todos anjos destinados ao céu!"

"Mas lhe parece pouco ter convertido as mulheres, as mães, em piores que as bestas; induzi-as a matar seus filhos, coisa que nem as bestas fazem!”

“Tudo o que pode destruí-los eu tento, e obtenho o que quero: injustiças a todos os níveis para tê-los num contínuo estado de desesperação; guerras em cadeia que destroem tudo e os levam ao sacrifício como as ovelhas; e junto a isto a desesperação não saber livrá-los das calamidades com as que eu tenho que levá-los à destruição. Conheço até onde chega a estupidez de vocês os homens e a aproveito completamente”

“A redenção Daquele que se fez matar por vocês, bestas, eu a substituí pela dos governantes assassinos, e vocês se lançam em seu seguimento como ovelhas estupidíssimas. Com as promessas de bem que lhes fiz e que não obtereis nunca, alcancei cegá-los, fazê-los perder a cabeça, até levá-los facilmente onde quero. Lembre que eu os odeio infinitamente, como odeio a Ele que os criou. Sim, haja favor que lhes fez, enviando seu Filho a desperdiçar seu Sangue pela ditosa Redenção. Eu os odeio, desprezo-os!”

* * *

“E com isto?”

“Que quer dizer? Não é suficiente? Posso continuar, se crês...”

“Com tudo isto crê poder cantar vitória contra Deus? Você seria o grande vencedor e Deus o grande derrotado? Não nego que está trabalhando talvez como nunca, que agora vai obtendo seguidores mais que no passado, mas em seus desenhos é um habilíssimo enchedor de balões. Já lhe disse que sua história concluirá como começou. Nossa atenção vai ao final de tudo isto. Então, teve num instante muitíssimos seguidores. Mas como terminou seu gesto de rebelião? Tirou Deus do trono de sua glória?"

“Ainda se engana? Não compreendeu nada do que lhe mostrei?”

“Você é o tal! Todas estas fanfarronadas suas podem impressionar a um homem de pouca fé, não a quem crê firmemente que Deus é Deus e você é um miserável rebelde, uma criatura sua, que Ele poderia destruir com um sopro, num só instante, mas que não o fará jamais. Tem podido enganar a milhões de homens para que não creiam em Deus, mas você sabe que Ele existe, que Ele é o Onipotente, que tem em sua mão o destino dos homens e da história. Quis travar a guerra contra Ele e lhe está deixando obter alguns resultados, inclusive momentaneamente espetaculares Mas sabe bem que seu poder está condicionado a sua onipotência e a vitória final será só dEle!”

"Ao contrário, será minha!”

“Mentiroso, nem você mesmo se crê, porque sabe bem com quem se meteu. Lembra a lição da Sexta-feira Santa. Trabalhou bem esse dia. Por meio de seus satélites se apoderou de Jesus e chegou a fazê-lo matar. Mas, na cegueira de seu ódio, não se deu conta que aquela morte foi vitória dEle ao querê-la e você foi um instrumento submetido. Acreditava tê-lo liquidado para sempre. Entretanto, o vencido foi você. Ele ressuscitou ao terceiro dia, vencedor da morte e do pecado. Vencedor sobre você e sobre todo seu inferno!”

* * *

“O mistério pascal o venceu de uma vez para sempre. Entretanto, renova-se, ao longo dos séculos na vida da Igreja e das almas, num enfrentamento ininterrupto de lutas, de morte e de ressurreição. Mas o triunfo do Reino de Deus aqui não se anuncia com as fanfarronadas, anuncia-se, progride e resiste aos ataques com o mistério divino do silêncio”.

“Os costumeiros velhos discursos de oratória…”

“Sabe que isto não é oratória. Na manhã que ressuscitou, Jesus não teve nenhuma preocupação por vingar-se de seus inimigos, de seus malfeitores. Não teve nenhum desejo de humilhá-los, como Ele teria podido fazer e como algum poderia ter esperado. Com uma demonstração espetacular e fulgurante de seu triunfo sobre a morte, teria podido aparecer ante o Sinédrio, ante Pilatos, ante Herodes, ante quantos lhe humilharam e lhe deram a morte... Não foi gritar-lhes na cara: "Eis aqui vossa vitória!" Pelo contrário, Sua Majestade infinita está muito por cima desse tipo de satisfação triunfalista, não lhe preocuparam seus inimigos. Não pensou em refazer sua reputação ante eles”.

"Ele inaugurava um estilo próprio. Dava exemplo de como se realiza seu triunfo nesta terra, de como procede a sua Igreja em meio dos homens e ao longo dos tempos: Um caminho extenuante, duro, sem barulho. Ela vai adiante no silêncio, coberta continuamente de feridas, rodeada de mártires que são seus testemunhos incomparáveis. Obrigada muitas vezes a refugiar-se nas catacumbas; mas tudo isto já se havia anunciado e isso é o que a faz mais semelhante ao seu Chefe".

“Palavras, palavras, palavras! Não se dá conta de que tenho em minha mão todas as forças do mal?... Não vê como as mobilizei compactas contra o reino dEle?... Minha ofensiva avança já incontível!".

“Até quando? Você se crê o dono da situação. Apresenta-se como o senhor e o dominador do mundo. E apenas é o executor dos planos dEle. Você colabora só para a grandeza de Sua vitória final. Como tantas vezes no passado, também hoje, a Igreja tem necessidade de ser purificada. Para isto servem as provas. Ele não arranca sua vinha, poda-a. A atual ação de obstáculo que você e seus satélites têm desencadeado no seio do povo de Deus serve para isto, para purificá-lo. Os atuais logros aparentes de sua obra de sedução e de desordem servem a Ele para seus planos. Ao final, tudo se voltará contra você e estará definitivamente vencido”.

Aarão observa: definitivamente se pode ver aqui o quanto satanás é amarrado e quanto sua fraqueza é fragrante. O simples fato de a Mulher, Maria, o subjugar e mandar que ele fale a verdade para alertar o povo insano, é prova de que ele não tem poder algum, apenas permissão de Deus para agir. Mas sua ação pérfida e maligna é sempre canalizada por Deus para uma obra de salvação, para benefício e crescimento dos homens.

Como ele dirá, não ganha nada com a perda das almas, apenas aumenta sua solidão eterna, seu martírio. Mesmo sabendo que perderá, ele jamais aceita este fato, e entra em desespero quando é lembrado desta circunstância. Seu brutal orgulho não o deixa ver a realidade, então se atira com toda fúria insana contra os filhos de Deus, uma vez que não pode atingir diretamente ao próprio Deus. E sabendo disso – que não pode atingir a Deus – já o deveria fazer entender que jamais o suplantará.

Isso explica o motivo pelo qual os nossos números de perda eterna são tão baixos. E vai nos dizer claramente no final que, com todo este maldito trabalho das trevas, jamais satã conseguiu ou conseguirá atrair uma só alma, e leva-la a perda, porque todos os que se perdem, assim o fariam, sem a presença, sem a atuação maligna do diabo. Não perdi a nenhum daqueles que me deste, disse Jesus. Isso explica tudo. Imaginem o desespero dos anjos caídos, imaginem a fúria, o ódio e o orgulho ferido de Lúcifer em não conseguir nenhum súdito, nenhum adorador sequer, por causa de seus “belos olhos”.

Porque, na realidade, para que alguém adore, é preciso que antes AME. E Amor é uma palavra que não entra no inferno. Lá o amor é impossível, por isso também a adoração se torna impossível, e somente se submeterão à fera maldita, aqueles que são réprobos por natureza – como os anjos o foram – aqueles que decidiram desde a centelha de sua criação ser inimigos de Deus.

A estes o reino maldito, o reino do ódio. Lá adorar impossível. Lúcifer não terá um só adorador na eternidade. Os que hoje o adoram na terra, é porque não sabem quem ele é, não sabem o que fazem. Quando souberem só irão odiá-lo, e assim para sempre. Esta solidão infinita será um tormento para aquela criatura má e repugnante. Tanto lutou para se fazer adorar, e somente se fez odiar. Tudo fez para destruir, e apenas construiu para Deus. Tudo fez para levar os homens a perda, e não conseguiu fazer perder um só.

Isso nos prova em definitivo, que o mal não tem espaço no universo. O mal é uma realidade que jamais poderá ser eterna, porque ele age apenas para a ruína. Eis porquê o reino de Lúcifer definha em si mesmo, e morre sem ter nascido. Ele próprio o destrói! Eis o “motu perpétuo” do ódio, que se destrói na malignidade, e terminará quando Lúcifer e os seus forem encarcerados numa prisão eterna, o lago de fogo e enxofre, e para sempre.
Segue-se o quarto encontro! Não deixem de ler. E jamais subestimem ao demônio!









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