5 de abril de 2009

Entrevista com Satã - Parte 3




TERCEIRO ENCONTRO

Desta vez não se fez esperar muito. Na noite seguinte, estava para meter-me na cama, quando ouvi rumores estranhos no quarto. Eram passos fortes, quase surdos que faziam vibrar o pavimento. Advertida sua presença, agarrei o rosário, fiz o sinal da cruz, invocando mentalmente a Virgem que estava junto a mim, ao lado da cama, e esperei.

"Sinto que você está aqui. Bem, em nome dEla, que te obriga a vir e a responder-me, diga-me: imediatamente depois de seu grande pecado, você se deu conta de tudo o que havia perdido para sempre?”

“Que pergunta tão estúpida!”

"Obrigado, você é muito gentil. Sei muito bem que minha inteligência não se pode comparar com a sua. Por isso permita-me uma pergunta ainda mais idiota: Jamais se arrependeu daquele pecado?”

"Arrependimento?”, a resposta surgiu de imediato, como um rugido de besta.

"Mas não sabe que um ato de arrependimento teria sido um ato de amor? E isto é totalmente inconcebível em nós. Nós fomos imediatamente investidos de um ódio imenso contra Ele. Um ódio implacável, eterno. Encontramo-nos envoltos, quase petrificados, numa maldição que chegou a ser nossa segunda natureza.“

Tranqüilamente tivesse querido concentrar a reflexão sobre a desgraça irreparável de milhares de criaturas tão excelsas, mas o outro me interrompeu.

“Depois de haver-nos expulsado de seu paraíso, vingou-se destinando a nosso estado aos seres mais nauseabundos, vocês os homens, um amassado de espírito e de matéria suja. Fez de vocês um objeto de seu amor infinito. Vai mendigando de vocês o amor que nós lhe havíamos recusado. O amor por vocês lhe fez cometer loucuras, até humilhar ao Filho no ventre de uma mulher. Tem a ambição de ocupar com vocês os postos que nós deixamos vazios. Mas antes que alcance isto, encheremos nosso inferno com vocês os homens. A vingança que não podemos realizar sobre Ele, a faremos com vocês. “

"Isso é o que você sonha. Mas entre nós e você, sobre o vértice de seu abismo infernal está Cristo Crucificado, você terá só aqueles que obstinadamente queiram permanecer ao seu lado. Todos os demais, também os pecadores, também os pobres infiéis, lhe serão arrancados como presa que não lhe pertence, porque não são suas. Ele as pagou com o preço de Seu Sangue e são seus. Nego-me a crer que finalmente você tenha mais que Ele!”

* * *

Houve uma pausa mais longa. Tive a sensação de que quisera agredir-me com um discurso, e de fato, pasSou imediatamente ao ataque.

"Diz que Ele terá mais que eu?... Mas é que não vê, cego e estúpido como é, que hoje estou mobilizando tudo para sua ruína? Não vê que seu reino se desmorona e que o meu se engrandece dia a dia sobre as ruínas do seu? Prova a fazer um balanço entre seus seguidores e os meus, entre aqueles que crêem em suas verdades e os que seguem minhas doutrinas, entre os que observam sua lei e os que abraçam a minha. Pensa somente no progresso que estou fazendo por meio do materialismo ateu e militante, que é a recusa total a Ele!”

Ainda um pouco mais de tempo e todo o mundo cairá em adoração diante de mim. O mundo será completamente meu.

"Pensa nas devastações que estou levando ao meio de vocês, servindo-me principalmente de seus ministros. Desencadeei em seu rebanho um espírito de confusão e de rebelião que jamais até hoje havia alcançado obter. Tens a seu guardião de ovelhas, vestido de branco, que todos os dias fala, grita, conversa inutilmente. Quem o escuta? Posso fazê-lo calar imediatamente apenas queira, num momento posso eliminá-lo; basta que arme a mão de um emissário meu”.

Todo mundo escuta minhas mensagens, as aplaude e as segue. Tudo está de minha parte. Tenho as cátedras com as quais pus em cheque a sua filosofia. Tenho comigo a política que os desagrega. Tenho o ódio de classes que os fere. Tenho os interesses terrenos, o ideal de um paraíso na terra que os enfrenta uns com outros. Meti-lhes no corpo uma sede de dinheiro e de prazeres que os faz enlouquecer e que os está reduzindo a ser um tropel de assassinos.

"Desencadeei no seu meio, uma sexualidade que está fazendo de vocês um grupo exterminado de porcos. Tenho a droga que logo os converterá numa massa de miseráveis larvas de loucos e moribundos. Levei-os a adotar o divórcio para reduzir a fragmentos suas famílias. Levei-os a praticar o aborto com o que causo matanças de homens, antes que nasçam”.

"Todos anjos destinados ao céu!"

"Mas lhe parece pouco ter convertido as mulheres, as mães, em piores que as bestas; induzi-as a matar seus filhos, coisa que nem as bestas fazem!”

“Tudo o que pode destruí-los eu tento, e obtenho o que quero: injustiças a todos os níveis para tê-los num contínuo estado de desesperação; guerras em cadeia que destroem tudo e os levam ao sacrifício como as ovelhas; e junto a isto a desesperação não saber livrá-los das calamidades com as que eu tenho que levá-los à destruição. Conheço até onde chega a estupidez de vocês os homens e a aproveito completamente”

“A redenção Daquele que se fez matar por vocês, bestas, eu a substituí pela dos governantes assassinos, e vocês se lançam em seu seguimento como ovelhas estupidíssimas. Com as promessas de bem que lhes fiz e que não obtereis nunca, alcancei cegá-los, fazê-los perder a cabeça, até levá-los facilmente onde quero. Lembre que eu os odeio infinitamente, como odeio a Ele que os criou. Sim, haja favor que lhes fez, enviando seu Filho a desperdiçar seu Sangue pela ditosa Redenção. Eu os odeio, desprezo-os!”

* * *

“E com isto?”

“Que quer dizer? Não é suficiente? Posso continuar, se crês...”

“Com tudo isto crê poder cantar vitória contra Deus? Você seria o grande vencedor e Deus o grande derrotado? Não nego que está trabalhando talvez como nunca, que agora vai obtendo seguidores mais que no passado, mas em seus desenhos é um habilíssimo enchedor de balões. Já lhe disse que sua história concluirá como começou. Nossa atenção vai ao final de tudo isto. Então, teve num instante muitíssimos seguidores. Mas como terminou seu gesto de rebelião? Tirou Deus do trono de sua glória?"

“Ainda se engana? Não compreendeu nada do que lhe mostrei?”

“Você é o tal! Todas estas fanfarronadas suas podem impressionar a um homem de pouca fé, não a quem crê firmemente que Deus é Deus e você é um miserável rebelde, uma criatura sua, que Ele poderia destruir com um sopro, num só instante, mas que não o fará jamais. Tem podido enganar a milhões de homens para que não creiam em Deus, mas você sabe que Ele existe, que Ele é o Onipotente, que tem em sua mão o destino dos homens e da história. Quis travar a guerra contra Ele e lhe está deixando obter alguns resultados, inclusive momentaneamente espetaculares Mas sabe bem que seu poder está condicionado a sua onipotência e a vitória final será só dEle!”

"Ao contrário, será minha!”

“Mentiroso, nem você mesmo se crê, porque sabe bem com quem se meteu. Lembra a lição da Sexta-feira Santa. Trabalhou bem esse dia. Por meio de seus satélites se apoderou de Jesus e chegou a fazê-lo matar. Mas, na cegueira de seu ódio, não se deu conta que aquela morte foi vitória dEle ao querê-la e você foi um instrumento submetido. Acreditava tê-lo liquidado para sempre. Entretanto, o vencido foi você. Ele ressuscitou ao terceiro dia, vencedor da morte e do pecado. Vencedor sobre você e sobre todo seu inferno!”

* * *

“O mistério pascal o venceu de uma vez para sempre. Entretanto, renova-se, ao longo dos séculos na vida da Igreja e das almas, num enfrentamento ininterrupto de lutas, de morte e de ressurreição. Mas o triunfo do Reino de Deus aqui não se anuncia com as fanfarronadas, anuncia-se, progride e resiste aos ataques com o mistério divino do silêncio”.

“Os costumeiros velhos discursos de oratória…”

“Sabe que isto não é oratória. Na manhã que ressuscitou, Jesus não teve nenhuma preocupação por vingar-se de seus inimigos, de seus malfeitores. Não teve nenhum desejo de humilhá-los, como Ele teria podido fazer e como algum poderia ter esperado. Com uma demonstração espetacular e fulgurante de seu triunfo sobre a morte, teria podido aparecer ante o Sinédrio, ante Pilatos, ante Herodes, ante quantos lhe humilharam e lhe deram a morte... Não foi gritar-lhes na cara: "Eis aqui vossa vitória!" Pelo contrário, Sua Majestade infinita está muito por cima desse tipo de satisfação triunfalista, não lhe preocuparam seus inimigos. Não pensou em refazer sua reputação ante eles”.

"Ele inaugurava um estilo próprio. Dava exemplo de como se realiza seu triunfo nesta terra, de como procede a sua Igreja em meio dos homens e ao longo dos tempos: Um caminho extenuante, duro, sem barulho. Ela vai adiante no silêncio, coberta continuamente de feridas, rodeada de mártires que são seus testemunhos incomparáveis. Obrigada muitas vezes a refugiar-se nas catacumbas; mas tudo isto já se havia anunciado e isso é o que a faz mais semelhante ao seu Chefe".

“Palavras, palavras, palavras! Não se dá conta de que tenho em minha mão todas as forças do mal?... Não vê como as mobilizei compactas contra o reino dEle?... Minha ofensiva avança já incontível!".

“Até quando? Você se crê o dono da situação. Apresenta-se como o senhor e o dominador do mundo. E apenas é o executor dos planos dEle. Você colabora só para a grandeza de Sua vitória final. Como tantas vezes no passado, também hoje, a Igreja tem necessidade de ser purificada. Para isto servem as provas. Ele não arranca sua vinha, poda-a. A atual ação de obstáculo que você e seus satélites têm desencadeado no seio do povo de Deus serve para isto, para purificá-lo. Os atuais logros aparentes de sua obra de sedução e de desordem servem a Ele para seus planos. Ao final, tudo se voltará contra você e estará definitivamente vencido”.

Aarão observa: definitivamente se pode ver aqui o quanto satanás é amarrado e quanto sua fraqueza é fragrante. O simples fato de a Mulher, Maria, o subjugar e mandar que ele fale a verdade para alertar o povo insano, é prova de que ele não tem poder algum, apenas permissão de Deus para agir. Mas sua ação pérfida e maligna é sempre canalizada por Deus para uma obra de salvação, para benefício e crescimento dos homens.

Como ele dirá, não ganha nada com a perda das almas, apenas aumenta sua solidão eterna, seu martírio. Mesmo sabendo que perderá, ele jamais aceita este fato, e entra em desespero quando é lembrado desta circunstância. Seu brutal orgulho não o deixa ver a realidade, então se atira com toda fúria insana contra os filhos de Deus, uma vez que não pode atingir diretamente ao próprio Deus. E sabendo disso – que não pode atingir a Deus – já o deveria fazer entender que jamais o suplantará.

Isso explica o motivo pelo qual os nossos números de perda eterna são tão baixos. E vai nos dizer claramente no final que, com todo este maldito trabalho das trevas, jamais satã conseguiu ou conseguirá atrair uma só alma, e leva-la a perda, porque todos os que se perdem, assim o fariam, sem a presença, sem a atuação maligna do diabo. Não perdi a nenhum daqueles que me deste, disse Jesus. Isso explica tudo. Imaginem o desespero dos anjos caídos, imaginem a fúria, o ódio e o orgulho ferido de Lúcifer em não conseguir nenhum súdito, nenhum adorador sequer, por causa de seus “belos olhos”.

Porque, na realidade, para que alguém adore, é preciso que antes AME. E Amor é uma palavra que não entra no inferno. Lá o amor é impossível, por isso também a adoração se torna impossível, e somente se submeterão à fera maldita, aqueles que são réprobos por natureza – como os anjos o foram – aqueles que decidiram desde a centelha de sua criação ser inimigos de Deus.

A estes o reino maldito, o reino do ódio. Lá adorar impossível. Lúcifer não terá um só adorador na eternidade. Os que hoje o adoram na terra, é porque não sabem quem ele é, não sabem o que fazem. Quando souberem só irão odiá-lo, e assim para sempre. Esta solidão infinita será um tormento para aquela criatura má e repugnante. Tanto lutou para se fazer adorar, e somente se fez odiar. Tudo fez para destruir, e apenas construiu para Deus. Tudo fez para levar os homens a perda, e não conseguiu fazer perder um só.

Isso nos prova em definitivo, que o mal não tem espaço no universo. O mal é uma realidade que jamais poderá ser eterna, porque ele age apenas para a ruína. Eis porquê o reino de Lúcifer definha em si mesmo, e morre sem ter nascido. Ele próprio o destrói! Eis o “motu perpétuo” do ódio, que se destrói na malignidade, e terminará quando Lúcifer e os seus forem encarcerados numa prisão eterna, o lago de fogo e enxofre, e para sempre.
Segue-se o quarto encontro! Não deixem de ler. E jamais subestimem ao demônio!









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