21 de março de 2009

21_de_Dezembro_de_2012

Crise sistêmica global



Crise sistêmica global: Novo ponto de inflexão em Março de 2009 Artigo relacionado: Crise sistêmica global: Cessação de pagamentos do governo americano no Verão de 2009 — 'quando o mundo tomar consciência verá que esta crise é pior que a dos anos 1930' por GEAB [*] O LEAP/E2020 prevê que em Março de 2009 a crise sistémica global venha a experimentar um novo ponto de inflexão de uma importância análoga ao de Setembro de 2008. Nossa equipe considera com efeito que este período do ano de 2009 será caracterizado por uma tomada de consciência geral da existência de três importantes processos desestabilizadores da economia mundial, a saber: 1. A tomada de consciência da longa duração da crise 2. A explosão do desemprego no mundo inteiro 3. O risco do colapso brutal do conjunto dos sistema de pensão por capitalização. Este ponto de inflexão será assim caracterizado por um conjunto de fatores psicológicos, a saber: a percepção geral pelas opiniões públicas na Europa, na América e na Ásia de que a crise em curso escapou ao controle de qualquer autoridade pública, nacional ou internacional, que ela afeta severamente todas as regiões do mundo ainda que algumas sejam mais afetadas do que outras (ver GEAB Nº 28), que ela atinge diretamente centenas de milhões de pessoas no mundo 'desenvolvido' e que ela não faz senão pior à medida em que as consequências se fazem sentir na economia real. Os governos nacionais e as instituições internacionais têm apenas um trimestre para se prepararem para esta situação que potencialmente é portadora de um risco importante de caos social. Os países menos bem equipados para gerir socialmente a ascensão rápida do desemprego e o risco crescente sobre as reformas serão os mais desestabilizados por esta tomada de consciência das opiniões públicas. Neste GEAB Nº 30, a equipe do LEAP/E2020 pormenoriza estes três processos desestabilizadores (dois dos quais são apresentados neste comunicado público) e apresenta as suas recomendações para enfrentar este aumento dos riscos. Além disso, este número faz também, como todos os anos, uma avaliação objetiva da fiabilidade das antecipações do LEAP/E2020, que permite precisar igualmente certos aspectos metodológicos do processo de análise que executamos. Em 2008, a taxa de êxito do LEAP/E2020 foi de 80%, com uma ponta de 86% para as antecipações estritamente sócio-econômicas. Para um ano de grandes perturbações, é um resultado de que estamos orgulhosos. Como pormenorizamos no GEAB Nº 28 , a crise afetará de maneira diversificada as diferentes regiões do mundo. Contudo, e o LEAP/E2020 deseja ser muito claro acerca deste ponto, ao contrário dos discursos atuais dos mesmos peritos que negavam a existência de uma crise em gestação há três anos, que negavam que ela fosse global há dois anos e que negavam há apenas seis meses que ela seja sistêmica, nos antecipamos uma duração mínima de três anos para esta fase de decantação da crise [1] . Ela não estará terminada nem na Primavera de 2009, nem no Verão de 2009, nem no princípio de 2010. É só nos fins de 2010 que a situação começará a se estabilizar e a melhorar um pouco em certas regiões do mundo, a saber na Ásia e na zona Euro, assim como para os países produtores de matérias-primas energéticas minerais ou alimentares [2] . Alhures, ela continuará. Em particular nos Estados Unidos e no Reino Unido e nos países mais ligados a estas economias, em que ela se inscreve numa lógica decenal. É apenas por volta de 2018 que estes países podem encarar um retorno ao crescimento real. Além disso, não se pode imaginar que a melhoria do fim de 2010 assinalará o retorno a um crescimento forte. A convalescença será longa. As bolsas, por exemplo, precisarão igualmente de uma década para retornar aos níveis do ano de 2007, se elas ali chegarem um dia. É preciso recordar que a Wall Street precisou de 20 anos para retornar aos seus níveis do fim dos anos 1920. Ora, segundo o LEAP/E2020 esta crise é mais profunda e durável que aquela dos anos 1930. Esta tomada de consciência da longa duração da crise vai progressivamente tornar-se clara junto às opiniões públicas no decorrer do próximo trimestre. E ela desencadeará imediatamente dois fenômenos portadores de instabilidade sócio-econômica: o medo, pânico do amanhã e a crítica reforçada dos dirigentes do país. O risco de colapso brutal do conjunto dos sistemas de pensão por capitalização.Finalmente, no quadro das consequências da crise que afetarão diretamente dezenas de milhões de pessoas nos Estados Unidos, no Canadá, no Reino Unido, no Japão, na Holanda e na Dinamarca em particular [3]. É preciso integrar o fato de que a partir do fim de ano de 2008 vão multiplicar-se noticias referentes a perdas maciças dos organismos que gerem ativos destinados a financiar estas reformas. A OCDE estima em US$4 milhões de milhões as perdas dos fundos de pensão apenas para o ano de 2008 [4] . Na Holanda [5] assim como no Reino Unido [6] , os organismos de vigilância dos fundos de pensão acabam de lançar gritos de alarme exigindo com urgência um acréscimo das quotizações obrigatórios e uma intervenção do Estado. Nos Estados Unidos, são anúncios múltiplos de aumento das contribuições e de diminuição dos pagamentos que são emitidos a um ritmo crescente [7] . E é só nas próximas semanas que numerosos fundos vão poder fazer realmente o cálculo do que perderam [8] . Muitos iludem-se ainda sobre a sua capacidade de reconstituir o seu capital no momento de uma próxima saída da crise. Em Março de 2009, quando gestores de fundos de pensão reformados e governos vão simultaneamente tomar consciência de que a crise vai durar, que ela vai coincidir com a chegada maciça dos "babyboomers" à aposentadoria e que as bolsas têm pouca probabilidade de recuperar antes de longos anos os seus níveis de 2007 [9] , o caos vai instalar-se neste setor e os governos vão se aproximar cada vez mais da obrigação de intervir para nacionalizar todos estes fundos. A Argentina, que tomou esta decisão há alguns meses, surgirá então como um precursor. Todas estas tendências já estão em curso. A sua conjunção e a tomada de consciência pelas opiniões públicas das consequências que elas implicam constituirá o grande choque psicológico mundial da Primavera de 2009, a saber, que estamos todos mergulhados numa crise pior que aquela de 1929; e que não há saída possível da crise a curto prazo. Esta evolução terá um impacto decisivo sobre a mentalidade coletiva mundial dos povos e dos decisores e modificará pois consideravelmente o processo do desenrolar da crise no período que se seguirá. Com mais de ilusões e menos de certezas, a instabilidade sócio-política global vai aumentar consideravelmente. Finalmente, este GEAB Nº 30 apresenta igualmente uma série de 13 perguntas/respostas a fim de ajudar de maneira quase interativa os poupadores/investidores/decisores a melhor compreender e antecipar os desenvolvimentos a acontecer da crise sistêmica global: 1- Esta crise será diferente das crise que anteriormente afetaram o capitalismo? 2- Esta crise será diferente da crise dos anos 1930? 3- A crise será tão grave na Europa e na Ásia quanto nos Estados Unidos? 4- As medidas empreendidas atualmente pelos Estados do mundo inteiro serão suficiente para jugular a crise? 5- Quais os principais riscos que pesam sobre o sistema financeiro internacional? E todas as poupanças são iguais face à crise? 6- A zona Euro constituirá uma verdadeira proteção contra os piores aspectos da crise? E o que poderia ela fazer para melhorar este estatuto? 7- O sistema de Bretton Woods (sob a sua última versão dos anos 1970) está em vias de afundar? O euro deve substituir o dólar? 8- O que se pode esperar do próximo G20 em Londres? 9- Pensar que a deflação seja atualmente a maior ameaça que paira sobre as economias mundiais? 10- Pensar que o governo Obama estará em condições de impedir os Estados Unidos de soçobrar na "Muito grande depressão americana"? 11- Em termos de moedas, para além da vossa antecipação referente à retomada da queda do dólar dos EUA ao longo de todos os próximos meses, pensar que a libra esterlina e o franco suíço sejam sempre moedas de estatuto internacional? 12- Pensar que o mercado dos CDS esteja a ponto de implodir? E quais seriam as consequências de um tal fenômeno? 13- A "bolha dos Títulos do Tesouro dos EUA" estará a ponto de explodir? 16/Dezembro/2008 Notas: (1) Acerca desta crise é útil ler uma contribuição muito interessante de Robert Guttmann publicada no 2º semestre de 2008 no sítio web Revues.org , apoiado pela Maison des Sciences de l'Homme Paris-Nord.. (2) São as matérias-primas que começam a relançar o mercado do transporte marítimo internacional. Fonte: Financial Times, 14/12/2008 (3) Um vez que são os países que mais desenvolveram os sistemas de reforma por capitalização. Ver GEAB Nº 23 . Mas também é o caso da Irlanda. Fonte: Independent, 30/11/2008 (4) Fonte: OCDE , 12/11/2008 (5) Fonte: NU.NL , 15/12/2008 (6) Fonte: BBC , 09/12/2008 (7) Fontes: WallStreetJournal, 17/11/2008 ; Phillyburbs , 25/11/2008 ; RockyMountainNews , 19/11/2008 (8) Fonte: CNBC , 05/12/2008 (9) E não mencionamos sequer a influência da explosão da bolha dos Títulos do Tesouro dos EUA que também afetará brutalmente os fundos de pensão. Ver Q&A, GEAB N°30. [*] Global Europe Anticipation Bulletin. O original encontra-se em www.leap2020.eu Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/