22 de junho de 2009

Físicos voltam a estudar a idade do Santo Sudário


03.04.2008

A obsessão pela relíquia mais controversa da cristandade acaba de voltar aos laboratórios. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e do Turin Shroud Center, nos Estados Unidos, estão investigando a possibilidade de uma contaminação rara no Santo Sudário, a mortalha de linho que supostamente teria envolvido o corpo de Jesus Cristo após sua morte na cruz. Se tal contaminação ocorreu mesmo, a idade do Sudário estimada pela datação com carbono-14 -- apenas uns 700 anos, indicando que o pano é uma fraude medieval -- estaria incorreta.



A nova bateria de testes é uma prova de como a imagem enigmática do Sudário continua fascinando cientistas e leigos, exatos 20 anos depois do suposto teste definitivo de sua autenticidade -- no qual a mortalha acabou não passando. E também mostra como é difícil um estudo objetivo do artefato: é quase impossível encontrar uma visão científica consensual sobre o pano, com acusações de má-fé feitas tanto por defensores quanto por detratores da relíquia.

Caso se trate mesmo de uma falsificação, também não há uma explicação universalmente aceita de como ela teria sido criada. Um livro que acaba de chegar ao Brasil defende a tese de que se trata de uma espécie de fotografia primitiva, usando uma argumentação interessante, mas força a barra ao atribuir a obra a ninguém menos que o personagem favorito das teorias da conspiração, o gênio Leonardo da Vinci.

O teste original da idade do Santo Sudário, hoje abrigado na Catedral de São João Batista em Turim (Itália), aparentemente seguiu à perfeição as exigências do método científico. Três grupos diferentes -- da Unidade de Acelerador de Radiocarbono de Oxford, da Universidade do Arizona (EUA) e do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça -- receberam amostras da borda do pano, longe da imagem, e as submeteram à datação por carbono-14.

Nesse tipo de teste, estuda-se o desaparecimento gradual dessa forma radioativa e instável de carbono. O carbono-14 é absorvido por todos os seres vivos -- inclusive as plantas usadas para fazer o linho do Sudário -- durante seu metabolismo. Quando morrem, todos possuem uma proporção parecida de carbono-14 em suas moléculas, e essa proporção decai a uma taxa fixa ao longo do tempo. Com isso, a idade de qualquer amostra de matéria orgânica pode ser estimada.

Ora, os três laboratórios obtiveram resultado parecido: o pano teria sido tecido entre os anos 1260 e 1390, no final da Idade Média. No entanto, John Jackson, do Turin Shroud Center, propõe que o Sudário pode ter sido contaminado por monóxido de carbono (CO), uma molécula na qual o carbono-14 aparece em proporções anormalmente altas.

"Uma quantidade relativamente pequena de monóxido de carbono, equivalente a uns 2% do carbono no linho [do Sudário], seria o suficiente para alterar a idade da amostra em cerca de mil anos", declarou em comunicado oficial o diretor da Unidade de Acelerador de Radiocarbono de Oxford, Christopher Ramsay. "Estamos colaborando com a equipe de John Jackson para verificar as taxas de reação [do CO com o pano]."

Ramsay, no entanto, lembra que nenhuma amostra datada por carbono-14 até hoje apresentou esse tipo de problema, graças principalmente à pequena quantidade do monóxido de carbono na atmosfera. No entanto, Jackson aposta que o incêndio que quase destruiu o pano no século 16 poderia ter criado as condições necessárias para o suposto erro de datação.

"A equipe de Jackson ainda não conseguiu replicar essas condições, mas continua sendo possível, embora não muito provável, que futuros experimentos comprovem a idéia deles", afirma Ramsay. Os laboratórios estão realizando experiências para tentar verificar se, em alguns contextos, a absorção maciça de CO pelo tecido acontece mesmo.

Enquanto os físicos britânicos e americanos tentam entender os dados contraditórios, o livro "O Sudário de Turim", dos escritores britânicos Lynn Picknett e Clive Prince, apresenta uma mistura curiosa de análise científica e muita imaginação para explicar as anomalias encontradas na imagem. Na obra, recém-lançada no país, a dupla argumenta que o Sudário é um auto-retrato fotográfico de Leonardo da Vinci, feito provavelmente em 1492.

Apesar da tese aparentemente fantasiosa, os dois apresentam um bom resumo das controvérsias científicas em torno da misteriosa mortalha. Um dos problemas é que muitos dos pesquisadores envolvidos no estudo do Sudário nos anos 1970 e 1980 eram católicos fervorosos, tendendo a ver o pano como a "prova física" da ressurreição de Jesus. Por isso, todas as supostas provas de autenticidade da imagem são contestadas.

Dois trabalhos famosos, por exemplo, disseram ter achado pólen de plantas que só crescem juntas durante a primavera da Palestina em meio ao Sudário, o que provaria sua origem em Jerusalém, onde Cristo foi crucificado. No entanto, botânicos independentes afirmam que mesmo os melhores microscópios não permitiriam uma identificação tão precisa das espécies de plantas.

O mesmo vale para os supostos traços de sangue -- classificado como pertencente ao tipo AB -- na mortalha. Alguns cientistas argumentam que, na verdade, há ali resquícios de corantes usados por artistas medievais, como o ocre vermelho. Para piorar, o pano parece ter sido extensamente manuseado ao longo dos séculos, o que permitiria a contaminação por pólen, DNA e até sangue estranhos ao "dono" original do Sudário.

Para completar, a imagem mostra detalhes incrivelmente realistas de ferimentos de chibatadas, de lança -- a mesma que teria perfurado o tronco de Jesus e feito escorrer "sangue e água", de acordo com o Evangelho de João -- e marcas da crucificação. Aliás, a marca do cravo que teria pregado um dos braços de Cristo à cruz fica não na palma da mão, mas num local preciso do pulso, que dava estabilidade ao corpo crucificado. Era assim que os antigos romanos crucificavam seus prisioneiros, mas na Idade Média -- suposta data em que o Sudário foi forjado -- ninguém mais sabia disso. Tanto que as imagens da época mostram Jesus pregado pelas palmas das mãos.

No entanto, o aspecto mais intrigante do Sudário é que ele parece abrigar uma imagem "fotográfica": todos esses detalhes só são vistos no negativo das fotografias tiradas dele, já que a imagem "normal" é muito tênue. Lynn Picknett e Clive Prince, os autores do livro, afirmam que isso indica uma origem fotográfica ou protofotográfica para a própria imagem.

Para comprovar isso, eles usaram substâncias e técnicas disponíveis no fim da Idade Média e na Renascença para tentar criar seu próprio "Sudário". Como pigmento sensível à luz, escolheram uma mistura de clara de ovo e sal de cromo. Usando uma câmera escura (instrumento rudimentar que inspirou as câmeras fotográficas), conseguiram projetar a imagem de um busto de gesso numa tela coberta com o pigmento. O resultado foi uma imagem do busto que tinha até o famoso "efeito de negativo" do Sudário.

Questão de fé

O ponto fraco do interessante experimento é a ligação com Leonardo da Vinci. Eles acham que o artista criou o Sudário a pedido da Igreja mas, por ser herético, quis realizar uma brincadeira blasfema contra Jesus colocando seu próprio rosto no pano, "colando-o" em cima da imagem de um cadáver crucificado. Os argumentos são circunstanciais: afinal, "só Leonardo" teria conhecimento suficiente de anatomia e óptica para bolar uma fraude tão detalhada. Além do mais, a margem de erro do teste de carbono-14 poderia, em tese, significar que o Sudário foi feito no fim do século 15.

No fim das contas, acreditar nessa tese vira quase tão questão de fé quanto acreditar na autenticidade do Sudário -- a qual, é bom lembrar, não tem importância nenhuma para a fé cristã. Afinal, em nenhum lugar do Novo Testamento se diz que Jesus deixaria uma prova física de sua Ressurreição para forçar os descrentes a segui-lo.

Fonte: G1

---------------------------------------------------------------

Lembrando...

Especialistas no Santo Sudário indicam que filme “A Paixão” se ajusta à realidade

Madri, 06/04/2004 -
O Centro Espanhol de Sindonologia, com sede em Valência e dedicado ao estudo do Santo Sudário de Turim, afirma que o filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson “baseia acertadamente muitas de suas cenas em estudos realizados sobre a própria tela” embora “a crueza da crucificação do corpo refletido no Sudário supera as mais duras cenas do filme”.

O vice-presidente do Centro de Sindonologia, Jorge Manuel Rodríguez, indicou à agência AVAN que um dos “momentos mais fortes do filme e que mais se ajustam à realidade é o da flagelação, onde são empregados instrumentos de tortura muito semelhantes aos utilizados na época”, entre outros, látegos com tiras de couro com bolas farpadas nas pontas que “arrancavam a pele e deixavam a pessoa em carne viva”.

Segundo o especialista, os estudos realizados por médicos legistas sobre o Santo Sudário determinaram que “cerca de 50 por cento da pele do corpo que a tela envolveu estava ferida. As lesões mostradas no filme estão de acordo com a realidade”.

Igualmente, “a cena final da Ressurreição está totalmente de acordo com as últimas investigações sobre o Santo Sudário que constatam que a tela murchou, como aparece no filme, e o corpo saiu do lenço sem desmanchar o envoltório”, acrescentou Rodríguez, que já ofereceu mais de 600 palestras e conferências sobre o Santo Sudário nos últimos dez anos.

Entretanto, estudiosos da Síndone de Turim afirmam que “a realidade dos fatos superam em dureza as imagens que mostra ‘A Paixão’ por mais violentas que pareçam”. Assim, a coroa que rodeia a cabeça de Jesus Cristo no filme “produz muito menos incisões do que as que reflete o Sudário no qual foram contabilizadas até 60 feridas que rodeiam toda a cabeça e couro cabeludo”, precisou Rodríguez.

Após lembrar que no filme Jesus Cristo é cravado na Cruz com cravos que transpassam as palmas das mãos, o vice-presidente do Centro de Sindonologia declarou, entretanto, que “as pesquisas sobre o Santo Sudário revelam que os cravos foram colocados no crucificado no carpo, quer dizer, nos ossos dos pulsos, o que provocava uma dor muito maior”.

Dá-se a circunstância de que a colocação do cravo sobre o carpo toca o nervo mediano e “produz o movimento do polegar para dentro da palma ”. Por isso, “no tecido do Santo Sudário não aparecem os dedos polegares e mostra apenas a forma de quatro dedos em cada mão”.

Finalmente, o especialista disse que “no filme aparece Jesus Cristo com as mãos amarradas com cordas e, entretanto, isto não aparece no Santo Sudário porque, nesse caso, o tecido teria mostrado algum sinal de desgarramento na pele onde foram colocadas as ataduras”, precisou.



Fonte: ACI Digital

Vaticano critica pressão por beatificação de Pio XII


19 de junho de 2009

O papa Bento XVI precisa ficar sozinho para decidir se encaminha ou não um polêmico Papa da era nazista rumo à canonização, afirmou o Vaticano nesta sexta-feira, criticando uma aparente pressão de dentro da Igreja a favor do ex-pontífice.



O papa Pio XII foi acusado por alguns judeus de fechar os olhos para o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, acusação que seus defensores e o Vaticano rejeitam.

O Vaticano emitiu um comunicado atipicamente forte horas após a mídia italiana citar o reverendo Peter Gumpel, chefe do grupo do Vaticano que trabalhou no processo sobre a santidade de Pio XII, sugerindo que Bento ainda não agiu por medo de prejudicar as relações com os judeus.

O Vaticano, citando matérias da imprensa, expressou que a decisão do Papa sobre a assinatura de decretos de beatificação "é de competência exclusiva do Papa, que deve ficar completamente livre em suas avaliações e decisões".

Alguns dizem que Pio não fez o bastante para salvar os judeus. O Vaticano e seus defensores judeus afirmam que ele trabalhou nos bastidores, porque a intervenção direta teria piorado a situação.

"Virtudes heoicas"
O departamento de canonização do Vaticano aprovou em 2007 um decreto que reconhecia as "virtudes heroicas" de Pio XII, dando um passo no longo processo por uma possível santificação iniciado em 1967.

Bento XVI ainda não aprovou o decreto, necessário para a beatificação, optando por um período de reflexão, nas palavras do Vaticano. A beatificação é o último passo antes da canonização.

Gumpel, principal defensor da santidade de Pio XII, disse que Bento XVI ficou "travado" por alguns encontros recentes com organizações judaicas.

"(Os grupos judaicos) disseram a ele em alto e bom som que se ele fizesse qualquer coisa a favor do Papa (Pio), as relações entre a Igreja Católica e os judeus ficariam permanente e definitivamente comprometidas", disse Gumpel, segundo a agência Ansa.

Grupos judaicos pediram ao Vaticano para paralisar o processo até que sejam feitos mais estudos sobre os registros do período da guerra.

PAPA PEDE PARA LÍDERES MUNDIAIS DAREM ATENÇÃO À RELIGIÃO


CIDADE DO VATICANO, 17 JUN (ANSA) - O papa Bento XVI afirmou hoje esperar que "os líderes políticos mundiais" deem "atenção à importância da religião no tecido social de qualquer sociedade", ao receber na Praça São Pedro participantes da IV Cúpula de líderes religiosos em ocasião do G8.


Diante dos religiosos, que desde ontem debatem a agenda do encontro que reunirá em julho os representantes das sete nações mais industrializadas e da Rússia na cidade italiana de L'Aquila, o Pontífice ressaltou também que os "políticos devem assegurar que suas próprias decisões garantam o bem comum".
Ao comentar a realização do evento, que conta com a presença de 129 representantes de diversas religiões, Bento XVI contou que apóia "esta iniciativa, organizada pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), em colaboração com o ministro das Relações Exteriores italiano", Franco Frattini.
"Espero que tal iniciativa contribua muito para despertar a atenção dos líderes políticos do mundo sobre a importância das religiões no tecido social de toda sociedade", ratificou o Papa.
A IV Cúpula de líderes religiosos foi iniciada ontem, sendo que os participantes visitaram L'Aquila, cidade escolhida para sediar a reunião do G8 por ter sido atingida em abril por um terremoto de 5,8 graus na escala Richter que deixou quase 300 mortos e 50 mil desabrigados.
Também hoje, durante a audiência geral desta manhã, o Pontífice defendeu que o Evangelho deve cair na cultura de todos os povos para iluminá-la com os seus valores.
"Colocar a fé na cultura das pessoas requer um trabalho de tradução muito exigente, requer a identificação de termos adequados, com o cuidado para não trair a riqueza da palavra relevada", explicou Bento XVI diante de cerca de 25 mil fiéis.
O Papa ilustrou seu discurso citando obras dos santos Cirilo e Metódio, nomes religiosos dos irmãos Miguel e Constantino, que realizaram atividades missionárias na Europa central e são conhecidos como apóstolos dos eslavos.
Na ocasião, o Pontífice pontuou que Cirilo e Metódio elaboraram um alfabeto para os eslavos, traduzindo as escrituras sacras, o que, segundo Bento XVI, é um "testemunho significativo que a Igreja se inspira e se orienta". (ANSA)
17/06/2009 08:53

Fonte: www.ansa.